terça-feira, 29 de outubro de 2024

Ser de Esquerda versus "Esquerdismo"

Ser de esquerda e o conceito de "esquerdismo", conforme definido por Lenin, diferem fundamentalmente na abordagem e na estratégia para alcançar transformações sociais e políticas. Ser de esquerda envolve a defesa de ideais progressistas e a busca por justiça social, equidade econômica, direitos humanos e proteção ambiental, entre outros valores. Movimentos e partidos de esquerda, mesmo que variem em suas orientações, buscam formas práticas e viáveis de promover mudanças que beneficiem a sociedade, levando em conta as condições sociais e políticas de cada momento e o potencial para construir alianças que ampliem o alcance dessas transformações.

Já o "esquerdismo", segundo Lenin, é uma forma de radicalismo excessivo que rejeita qualquer adaptação ou concessão política, recusando-se a dialogar com grupos ou instituições não alinhados aos ideais socialistas em sua forma mais pura. Essa postura resulta em uma rigidez e purismo que Lenin considerava prejudiciais, pois isolam o movimento revolucionário da classe trabalhadora e das massas em geral. Para ele, essa visão purista e intransigente enfraquece a luta política, já que ignora a importância de alianças estratégicas e de atuações táticas que permitam avanços reais, ainda que graduais, dentro do sistema político vigente.

O termo "esquerdismo" soa pejorativo para muitas pessoas de esquerda justamente porque carrega a conotação de uma postura idealista e sectária que, no lugar de aproximar a população das pautas progressistas, tende a afastá-la. A esquerda geralmente busca apoio popular e vê o engajamento democrático como um meio essencial para conquistar avanços. O "esquerdismo", ao contrário, é visto como uma tendência que prejudica o diálogo e o crescimento da esquerda, tornando-a refém de posições inflexíveis e, frequentemente, desconectadas das necessidades e aspirações populares.

Para muitos de esquerda, ser chamado de "esquerdista" implica ser visto como alguém intransigente e desinteressado pelo pragmatismo necessário na política, o que cria um estigma de desconexão com a realidade prática. Assim, o termo "esquerdismo" carrega um tom de crítica àqueles que rejeitam as complexidades da política e preferem uma visão idealizada, mas ineficaz, de transformação social. Em síntese, o "esquerdismo" é pejorativo dentro da esquerda por representar um afastamento da ação política estratégica que, segundo Lenin e muitos pensadores, é crucial para que a esquerda possa realizar mudanças concretas e duradouras.

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